Encontrei uma lenda do jornalismo de verdade e que fez muito pelo rugby no Brasil

Após uma busca de uma luz para minhas ideias e projetos do "Blog Rugby Fora do Eixo" encontrei um grande jornalista que atuou muito do rugby e vocês jovens não fazem ideia desse espetacular profissional.

Foto de Luiz Carlos Ramos
Apenas parte de um relato de sua trajetória pelo nosso esporte. Me emocionou e relembrar de um tempo que não volta mais.

"Fui editor-chefe de Esportes do Estadão de 1972 a 1982.

Sinto saudade do idealista Leon William Rheins, o Bill, que me mostrou o caminho para o rugby e, assim, contribuiu para que esse esporte viesse a ser bem divulgado no principal jornal do País.

Quando me transferi do Jornal da Tarde para o Estadão, em setembro de 1969, o Bill já aparecia na Redação, vestindo a roupa branca de médico, levando os resultados de rugby do fim de semana.

Em 1980, ele me convenceu a ver um jogo de rugby com ele, Alphaville x Palmeiras, no campo do clube Alphaville.

Pacientemente, me explicou as regras. Gostei.

Em 1981, novo convite de Bill: para integrar a delegação do Brasil, chefiada por ele, no Sul-Americano, em Montevideu.

Os Pumas não participaram e o Brasil perdeu todos os jogos, mas era um grupo sadio, treinado pelo sul-africano George Tomopoulos.

Relatei os jogos para o Estadão. E publiquei a melhor reportagem ao retornar a São Paulo: uma entrevista com três ex-jogadores uruguaios sobreviventes da Tragédia dos Andes, em 1972. Isso deu uma página inteira no jornal de domingo, tendo no rodapé a informação de que  à tarde, jogariam Medicina e  Pasteur, no campo atrás do Hospital das Clínicas. Fui até lá, vi o jogo e encontrei o Bill, que, entusiasmado, me mostrou o grande público, um contraste em relação a outras partidas.

Ele disse: "Olha o que você fez!"

Fiquei feliz. Em 1983, Bill me indicou para ir ao Congresso Mundial de Jornalistas de Rugby, em seis cidades da África do Sul. Foi otimo conhecer uma das potências do esporte, ver jogos de alto nível e conviver com jornalistas de outros países. De lá, enviei várias reportagens para o Estadao.

Em 1984, atendi ao pedido de quatro jovens para criar um time de rugby no São Paulo Futebol Clube, onde eu era sócio.

Cheguei a organizar uma partida entre São Paulo e Nippon, sob patrocínio do Itaú, com transmissão pela TV Band, como preliminar do jogo de futebol do São Paulo, no Morumbi.

Distribuímos ao público um folheto com as regras de rugby, para que não se chocassem tanto com as diferenças em relação ao futebol.

Deu certo. Mas cansei, saí em 1986 para cuidar dos meus trabalhos em jornal e rádio. (eu me perguntei porque, mas não interessa os motivos, afinal no rugby antigo e moderno nos cansamos muito do tratamento que nos dão)

Algum tempo atrás, fiquei sabendo da morte de Bill, o insubstituível.

Vi que a mídia publicou algo de rugby, mas sem regularidade. Mostrou, por exemplo, a adesão das mulheres.

Como melhorar isso?

Difícil.

Começa que o Bill não existe mais.

Além disso, mídia está claramente decadente e se fixa só em futebol, vôlei e Fórmula 1, além dos períodos de Olimpíadas.

Seria necessário um trabalho de formiguinha, a partirbdo zero, para sensibilizar jornalistas, como o Bill fez comigo.

É o que tenho, por hoje, a informar a você."

Muito obrigado Luiz Carlos Ramos.

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